A coragem
Outro dia uma grande amiga, sem querer, me levou a uma reflexão. “Meu Deus, que coragem a sua de escrever o que pensa sobre as coisas que acontecem na cidade”. Na hora levei um susto e depois achei que deveria rever os meus conceitos. Fui pesquisar o verbete coragem. Descobri que Aristóteles já afirmara que “a coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras” e Platão a correlacionava com razão e dor …”é ser coerente com seus princípios a despeito do prazer e da dor”. Mas também descobri alguns sinônimos perigosos como afoiteza, atrevimento, ousadia, temeridade. E é exatamente aí que se encaixa o comentário da minha amiga…o atrevimento e ousadia de escrever o que penso.
Os seres humanos são diferentes dos animais irracionais e tem uma alma, ego e mente muito influente em suas atitudes, variando de uns para outros de acordo com a sua educação, seu convívio social e suas frustrações. É verdade, escrever ou dizer o que se pensa – mesmo tentando não ofender ou magoar pessoas, apenas comentando as responsabilidades das funções públicas – provoca dor. Nas pessoas que se sentem atingidas e em quem escreve. Aquelas assumem defesas, doem-se por algo involuntário. Aos outros provoca exclusão, afastamento, ciúme e inveja. Sentimentos que provocam dor.
Tudo isso tem a ver com transparência. Ser transparente é muito mais do que ser sincero, não enganar os outros. É ter coragem de se expor, de falar o que sente, mesmo sendo segregado. É desnudar a alma e a mente, tentando algo mais do que a razão.
A maioria das pessoas decide não correr esses riscos. Nem apoiar publicamente quem os corre!
Dedico esta breve reflexão aos nossos vereadores, deputados estaduais e federais, ao nosso prefeito e governador e a excelentíssima Presidente da República. A todos os líderes sindicais, patronais e de empregados. Aos líderes empresariais e comunitários que dependem de favores e trocas. Ao nosso bravo Ministério Público, estadual e federal. Aos líderes ambientais e às organizações não governamentais, nem sempre preocupados com o coletivo. Aos nossos juízes e tribunais, mas principalmente à população que tem coragem de protestar e contribuir, especialmente quando não usam máscaras e pseudônimos!
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