Posts Tagged ‘a cidade de Blumenau

23
mar
13

A PONTE E O SONHO

“Estamos em 2020 … Após algumas gestões públicas de sucesso e tendo à frente uma nova geração de líderes, Blumenau vive um novo tempo, fruto da parceria entre o poder público e o privado, com grandes investimentos executados em função de um amplo e inteligente planejamento. A cidade não cresceu muito no seu volume populacional, porém, recuperou o seu poder. Houve uma melhora urbana sensível. Duplicamos os principais acessos à cidade, construímos uma nova Avenida Beira-Rio, que vai da Ponte dos Arcos até a Prainha, e também uma nova ponte sobre o Itajaí-Açu. Saíram do papel todos os projetos de vias interligando bairros, como o acesso Velha/Garcia, a Rua Ingo Hering, a ponte do Badenfurt, etc. E, finalmente, temos uma ciclovia maravilhosa e segura servindo os bairros e o centro. Voltamos a andar de bicicleta…

Finalmente, Blumenau com toda essa beleza proporcionada por sua geografia generosa, e habitada por gente com mania de ordem e limpeza – sempre mereceu estar de bem com a vida, como agora..”.

(trechos de texto antigo baseado nas cartas escritas pela historiadora Sueli Petry, pelo empresário Ronaldo Baumgarten e pelo publicitário Cao Hering, que contextualizaram a cidade de Blumenau em 2020)

 

A ponte e o sonho

Alfredo Lindner jr. – arquiteto, urbanista e Conselheiro da Acib 2007-13

 

Ela talvez faça história, mas acabará com o sonho. A  ideia de transformar a ponte urbana em uma ponte inter-bairros acabará com o Patrimônio Histórico. A razão ouvimos em reunião para dezenas de pessoas ligadas ao assunto, há alguns dias na Prefeitura. Nos anos de 2002 e 2003 o então prefeito e a sua equipe planejaram uma ponte “urbana” concebida com o objetivo de conciliar a cidade do automóvel às necessidades, aspirações e perspectivas humanas, dentro de uma visão global e integrada dos problemas de mobilidade. Agora se afirma que é necessária uma ponte inter-bairros, sepultando definitivamente a ligação Velha-Garcia, fundamental no planejado Anel Perimetral. Chegam a dizer que a ponte criará o “novo” Anel Perimetral, o que, perdoem a expressão e a franqueza, é o conceito mais incompreensível que ouvi na minha vida profissional, um anel “perimetral” passar pelo centro.

Frustrado com o que vi e ouvi, arrisco-me a dizer que o planejamento urbano de Blumenau está próximo a um erro histórico irreparável!

08
abr
12

FUTURO E MOBILIDADE

Ouvimos diariamente falar em mobilidade. Virou moda e projeto político, mas as ações são frustrantes. Recordo perfeitamente quando participei em 2009 do 1º seminário de avaliação da Copa do Mundo de 2014 e durante imersão de três dias conheci todo o seu planejamento. Na cerimônia de abertura, a autoridade do Governo Federal presente (ANTT) disse claramente “que as exigências da FIFA (em relação à mobilidade urbana) são exageradas e nós faremos o que for possível e conveniente”. Agora já podemos afirmar que perdemos – efetivamente – a excelente oportunidade de melhorar as condições sociais e urbanas que estes eventos propiciam. Alguns irão se beneficiar, mas o povo pouco ganhará de infraestrutura.

Em termos locais recordo também quando em 2008 na 1ª avaliação pública das diretrizes do “novo” planejamento urbano de Blumenau,  chamado desta vez de BNU 2050, foi redigido textualmente que “Sistema de anéis prevê (desde 1970!) a retirada do fluxo (de veículos) da área central”. Realmente algumas obras estão em execução, outras em processo de financiamento. São importantes e prioritárias? Sim, com certeza, mas segundo informado na mais recente audiência deste plano, “somente daqui a oito anos” Blumenau estará capacitada a pleitear um dos investimentos fundamentais – a ligação Velha – Garcia por túnel e elevado. Isto se o próximo prefeito tiver interesse, porque as atuais obras, com exceção dos corredores de ônibus, não tem nenhuma influência no nosso sistema geral, limitado no centro pelo rio, duas avenidas e morros.

Basta ver diariamente o enorme fluxo de veículos que atravessa o “Morro da Companhia” e o “Morro do Pedro II”, o que na prática demonstra que o povo está criando o anel interno enquanto o anel externo está abandonado e ficará limitado à Ponte do Badenfurt na próxima década. Apesar das promessas que ouvimos há oito anos e das promessas que ouviremos até a próxima eleição.

Recentemente o Santa publicou uma foto de um semáforo no túnel da Rua Samuel Morse. Pois saibam que esta rua faz parte do anel externo da cidade e, atrevo-me a antecipar – se este Anel Perimetral não for considerado prioridade “zero” pelo próximo prefeito, a cidade entrará em colapso total nos próximos oito anos. Ou antes!

13
fev
10

Valther Osthermann, Cezar Zillig e Moacir Pereira

Aproveitando o final de semana de carnaval e, depois de colocar no site do meu escritório www.amaiscearquitetura.com.br alguns artigos e cartas que escreví ao longo destes últimos anos e publicados pelo Jornal de Santa Catarina,  pesquisei os meus arquivos e descobrí uma série de opiniões, artigos e cartas – a maioria minhas, antigas, outras de terceiros – que vale a pena publicar no blog, que anda meio abandonado e esquecido. Vou iniciar com uma matéria que os tres articulistas do Santa escreveram em maio de 2009 e que motivou a enviar o seguinte comentário em 1o. de junho de 2009:

De: Alfredo Lindner jr. [mailto:alfredo@amaiscearquitetura.com.br]
Enviada em: segunda-feira, 1 de junho de 2009 09:10
Para: ‘Valther Ostermann’; ‘Cezar Zillig’; moacir.pereira@gruporbs.com.br

Assunto: PARABÉNS AOS TRES E AO SANTA!

Meus caros Valther, Cezar e Moacir,

Até parece que foi combinado, não é? os três falando – no mesmo dia – sobre a nossa fragilidade política e, porque não dizer, social.

Mas, adianta falar e escrever?

se nem vcs, que SÃO a mídia, conseguem convencer as pessoas? imaginem nós, que estamos do lado de fora!

O Moacir deve lembrar (eu não esqueço) de artigo dele – acho que em janeiro de 2007– sobre a BR 470 sem pedágio, dizendo que “só em 2020!” Pois é, estamos perto, cada vez mais….agora nem ponte temos para transito pesado!

Eu estou começando a desistir….

Aliás, agora com a FALÊNCIA OFICIAL da nossa BR 470 ( ponte de Ibirama!), acho que vou pendurar as chuteiras do inconformismo. Nesta o ex-governador Amim venceu!

Cansei! mas estou com a consciência tranqüila. Acho que fiz a minha parte, abaixo algumas “incursões”

 Os textos publicados no mesmo dia foram os seguintes:

VALTHER OSTERMANN

valther@santa.com.br

Ficando para trás

Básico, diz o dicionário, é aquilo que serve de base; fundamental, principal, essencial.

Tente construir uma casa começando não pelo fundamento, mas pelo telhado, e entenderá o que é o básico.

O Brasil contraria a lógica, no que toca ao saneamento. Mesmo assim, é bom perceber que alguns municípios do Vale partiram para recuperar o tempo perdido. Indaial saiu na frente, esburacou o município, anunciando meta de quase 100% de esgoto coletado. Rio do Sul pretende resolver o problema de água e esgoto em até seis anos, vai esburacar também. Blumenau tem intenção, mas só depois que esgotar a fase da polêmica, tão a seu gosto. A primeira audiência pública sobre o assunto foi tumultuada. Enquanto brigam e emburram aqui, os outros fazem.

Blumenau, que já foi locomotiva, virou vagão. Mas era outro tempo, outra gente.

CEZAR ZILLIG

cezar.zillig@santa.com.br

·         Fritz Müller para turistas

Num banco do calçadão de Copacabana, Carlos Drummond de Andrade dedica atenção permanente aos passantes. Não se furta em deixar-se fotografar pelos turistas que fazem as mais criativas fotos ao lado do poeta. Num flagrante em Búzios, apareço simplesmente abraçado a Brigitte Bardot; estava tentando animar a moça que me pareceu desolada, sentada sobre sua mala dando a impressão de que não sabia o que fazer da vida.

Tanto o Drummond quanto a Brigitte de que falo são de bronze. Embora estátuas de ícones, diferem totalmente daquelas tradicionais, monumentais, sobre altos pedestais, inacessíveis aos transeuntes e que mantêm o personagem distante das gentes, como se nunca tivessem vivido nesta terra. Não: tanto Drummond quanto Brigitte estão postadas no trottoir, em tamanho natural, em trajes comuns, como se tivessem levando sua vidinha e a gente se surpreendesse dando de cara com a celebridade ao alcance da mão. A ideia não é original: toda grande cidade tem uma ou mais estátuas destas. Blumenau não tem.

Que tal o município convocar Fritz Müller para, com toda a sua informalidade, descalço, sentar num dos bancos da Rua XV e se deixar fotografar pelos turistas com seu chapelão, seu cajado, seu bornal e sua Buschmesser – perdão, seu facão?

 MOACIR PEREIRA

moacir.pereira@gruporbs.com.br

·         A Copa dos contra

Florianópolis está fora da Copa do Mundo de 2014. Perde a Capital uma excepcional e única oportunidade de investimentos milionários, inadiáveis, para melhoria de sua infraestrutura e, portanto, elevação da qualidade de vida de seu povo. É bom lembrar que as cidades escolhidas terão investimentos superiores a R$ 23 bilhões.

Florianópolis não está na Copa do Mundo porque faltou uma maior mobilização governamental. Abriu-se uma oportunidade de ouro para mostrar Santa Catarina ao mundo inteiro, através de uma atividade recorde de audiência. Fechou-se a maior janela do Planeta para qualificar os investimentos e gerar empregos de alta renda em dois segmentos que são sua vocação econômica: o turismo e a alta tecnologia.

O governo constituiu uma comissão para mobilizar meios e forças capazes de sensibilizar a CBF e a Fifa. Mas seus líderes ignoraram as chamadas forças vivas. Ou se lembraram delas apenas burocraticamente, como ocorreu no WTTC. Viu-se escassa participação das entidades que poderiam ter voz e vez nos escalões superiores. Com as exceções de sempre, todo mundo ficou esperando pelos governantes.

Santa Catarina está fora da Copa porque faltou vontade política. O governador Luiz Henrique responsabiliza o presidente da Fifa, Ricardo Teixeira, pela exclusão de Florianópolis, enfatizando que a decisão foi política. Se procede, então as lideranças políticas de Santa Catarina falharam, mais uma vez. Versão pertinente, haja vista a escolha de Cuiabá, feita pela intervenção do governador Blairo Maggi. Mergulhou de cabeça no projeto e desdobrou-se como um leão em todas as frentes e derrubou a favorita Campo Grande, em condições bem melhores.

Há, contudo, uma razão antiga que pode explicar a exclusão de Florianópolis: a ação dos contra. Venceu aquela mentalidade atrasada que tem origem na passividade cultural dos açorianos. Aquela que rejeitou os cariocas da Eletrosul na década de 1960. A mesma que, na década de 1970, refugou os gaúchos. E a que, agora com acréscimo ideológico. Se faz presente em tudo o que se deseja de bom para a cidade. Esta gente, de costas para o resto do mundo, acha que trapiches, marinas, waterfronts, deques são benefícios burgueses. E se esquece da geração de empregos, do desfrute popular das maravilhas do mar, da valorização ecológica. Um segmento que se isolou na mesmice, que não quer aprender. E que refuga, por exemplo, a prática de golfe. Atividade que transformou o Algarve numa das maiores fontes de renda do turismo em Portugal. Despreza outro dado: os empreendimentos de golfe em Portugal criaram mais empregos e hoje garantem mais receita pública do que a indústria automobilística, segundo dados trazidos ao WTTC

   Vamos fazer um teste final: em quanto tempo a ponte sobre o Rio Hercílio voltará a receber trânsito ( em pista simples) de caminhões?

         1. (   ) – 6 semanas

         2. (   ) – 6 meses

         3. (   ) – 6 anos

O Santa pode estipular um premio a quem acertar….meu voto é na opção 3.

Cansei! mas estou com a consciência tranqüila. Acho que fiz a minha parte. Foram e continuarão sendo algumas incursões.

Meus caros Valther, Cezar e Moacir,

Até parece que foi combinado, não é? os três falando – no mesmo dia – sobre a nossa fragilidade política e, porque não dizer, social.

 

    

01
out
08

A BR 470, O CIEFE E A CIDADE

Estes , sem dúvida, são os assuntos que mais mexem comigo.

A Cidade paga pela ausência de uma rodovia decente. Todo o trânsito do centro e do oeste do Estado passa por dentro da cidade, em pista “simples”, de altíssimo risco, a famigerada BR-470.

A falta da duplicação da 470 talvez seja a grande justificativa que os nossos dois últimos prefeitos tiveram para não desapropriar o terreno onde já estaria edificado o CIEFE. O que é CIEFE? muitos devem lembrar, outros (já fazem 6 anos!) nunca ouviram falar. Centro Internacional de Eventos e Feiras de Blumenau.

São assuntos que merecerão diversos comentários futuros neste modesto blog, que provavelmente ninguém ( ou muito poucos) lê. Mas a sua publicação ao menos alivia a minha consciência e deixa o registro. Talvez os meus filhos, no futuro, possam acompanhar um pouco a real história desta cidade que adotei há 50 anos. O pouquíssimo que sei.

Hoje, apenas para ilustrar, algumas imagens e artigos publicados nos últimos anos.

Voltarei ao(s) assunto(s), para entendermos um pouco a verdadeira história ( o pouco que acompanhei) do (não) desenvolvimento de Blumenau. Como poderia e deveria ser.

  

           




Perfil do autor

Arquiteto e Urbanista graduado no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná em 1970, quando ainda não existia a Arquitetura na Federal de Santa Catarina. Em 1971 trabalhei em São Paulo e exerço a profissão desde 1972 em Blumenau, inicialmente como autônomo. Entre 1974 e 1990 como sócio da Lindner Herwig Shimizu Arquitetos e atualmente como sócio-diretor da A + C Arquitetura. Gosto da boa arquitetura e me preocupo com a questão urbana e com o desenvolvimento social e econômico da cidade de Blumenau e do Vale do Itajaí nas próximas décadas, sem perder a sua identidade paisagística e cultural e os valores morais e éticos.
O meu grande desafio como arquiteto é viabilizar a edificação dos projetos para que estes não se transformem em meras idéias de arquitetura.

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