Aproveitando o final de semana de carnaval e, depois de colocar no site do meu escritório www.amaiscearquitetura.com.br alguns artigos e cartas que escreví ao longo destes últimos anos e publicados pelo Jornal de Santa Catarina, pesquisei os meus arquivos e descobrí uma série de opiniões, artigos e cartas – a maioria minhas, antigas, outras de terceiros – que vale a pena publicar no blog, que anda meio abandonado e esquecido. Vou iniciar com uma matéria que os tres articulistas do Santa escreveram em maio de 2009 e que motivou a enviar o seguinte comentário em 1o. de junho de 2009:
De: Alfredo Lindner jr. [mailto:alfredo@amaiscearquitetura.com.br]
Enviada em: segunda-feira, 1 de junho de 2009 09:10
Para: ‘Valther Ostermann’; ‘Cezar Zillig’; moacir.pereira@gruporbs.com.br
Assunto: PARABÉNS AOS TRES E AO SANTA!
Meus caros Valther, Cezar e Moacir,
Até parece que foi combinado, não é? os três falando – no mesmo dia – sobre a nossa fragilidade política e, porque não dizer, social.
Mas, adianta falar e escrever?
se nem vcs, que SÃO a mídia, conseguem convencer as pessoas? imaginem nós, que estamos do lado de fora!
O Moacir deve lembrar (eu não esqueço) de artigo dele – acho que em janeiro de 2007– sobre a BR 470 sem pedágio, dizendo que “só em 2020!” Pois é, estamos perto, cada vez mais….agora nem ponte temos para transito pesado!
Eu estou começando a desistir….
Aliás, agora com a FALÊNCIA OFICIAL da nossa BR 470 ( ponte de Ibirama!), acho que vou pendurar as chuteiras do inconformismo. Nesta o ex-governador Amim venceu!
Cansei! mas estou com a consciência tranqüila. Acho que fiz a minha parte, abaixo algumas “incursões”
Os textos publicados no mesmo dia foram os seguintes:
VALTHER OSTERMANN
Ficando para trás
Básico, diz o dicionário, é aquilo que serve de base; fundamental, principal, essencial.
Tente construir uma casa começando não pelo fundamento, mas pelo telhado, e entenderá o que é o básico.
O Brasil contraria a lógica, no que toca ao saneamento. Mesmo assim, é bom perceber que alguns municípios do Vale partiram para recuperar o tempo perdido. Indaial saiu na frente, esburacou o município, anunciando meta de quase 100% de esgoto coletado. Rio do Sul pretende resolver o problema de água e esgoto em até seis anos, vai esburacar também. Blumenau tem intenção, mas só depois que esgotar a fase da polêmica, tão a seu gosto. A primeira audiência pública sobre o assunto foi tumultuada. Enquanto brigam e emburram aqui, os outros fazem.
Blumenau, que já foi locomotiva, virou vagão. Mas era outro tempo, outra gente.
CEZAR ZILLIG
cezar.zillig@santa.com.br
· Fritz Müller para turistas
Num banco do calçadão de Copacabana, Carlos Drummond de Andrade dedica atenção permanente aos passantes. Não se furta em deixar-se fotografar pelos turistas que fazem as mais criativas fotos ao lado do poeta. Num flagrante em Búzios, apareço simplesmente abraçado a Brigitte Bardot; estava tentando animar a moça que me pareceu desolada, sentada sobre sua mala dando a impressão de que não sabia o que fazer da vida.
Tanto o Drummond quanto a Brigitte de que falo são de bronze. Embora estátuas de ícones, diferem totalmente daquelas tradicionais, monumentais, sobre altos pedestais, inacessíveis aos transeuntes e que mantêm o personagem distante das gentes, como se nunca tivessem vivido nesta terra. Não: tanto Drummond quanto Brigitte estão postadas no trottoir, em tamanho natural, em trajes comuns, como se tivessem levando sua vidinha e a gente se surpreendesse dando de cara com a celebridade ao alcance da mão. A ideia não é original: toda grande cidade tem uma ou mais estátuas destas. Blumenau não tem.
Que tal o município convocar Fritz Müller para, com toda a sua informalidade, descalço, sentar num dos bancos da Rua XV e se deixar fotografar pelos turistas com seu chapelão, seu cajado, seu bornal e sua Buschmesser – perdão, seu facão?
MOACIR PEREIRA
moacir.pereira@gruporbs.com.br
· A Copa dos contra
Florianópolis está fora da Copa do Mundo de 2014. Perde a Capital uma excepcional e única oportunidade de investimentos milionários, inadiáveis, para melhoria de sua infraestrutura e, portanto, elevação da qualidade de vida de seu povo. É bom lembrar que as cidades escolhidas terão investimentos superiores a R$ 23 bilhões.
Florianópolis não está na Copa do Mundo porque faltou uma maior mobilização governamental. Abriu-se uma oportunidade de ouro para mostrar Santa Catarina ao mundo inteiro, através de uma atividade recorde de audiência. Fechou-se a maior janela do Planeta para qualificar os investimentos e gerar empregos de alta renda em dois segmentos que são sua vocação econômica: o turismo e a alta tecnologia.
O governo constituiu uma comissão para mobilizar meios e forças capazes de sensibilizar a CBF e a Fifa. Mas seus líderes ignoraram as chamadas forças vivas. Ou se lembraram delas apenas burocraticamente, como ocorreu no WTTC. Viu-se escassa participação das entidades que poderiam ter voz e vez nos escalões superiores. Com as exceções de sempre, todo mundo ficou esperando pelos governantes.
Santa Catarina está fora da Copa porque faltou vontade política. O governador Luiz Henrique responsabiliza o presidente da Fifa, Ricardo Teixeira, pela exclusão de Florianópolis, enfatizando que a decisão foi política. Se procede, então as lideranças políticas de Santa Catarina falharam, mais uma vez. Versão pertinente, haja vista a escolha de Cuiabá, feita pela intervenção do governador Blairo Maggi. Mergulhou de cabeça no projeto e desdobrou-se como um leão em todas as frentes e derrubou a favorita Campo Grande, em condições bem melhores.
Há, contudo, uma razão antiga que pode explicar a exclusão de Florianópolis: a ação dos contra. Venceu aquela mentalidade atrasada que tem origem na passividade cultural dos açorianos. Aquela que rejeitou os cariocas da Eletrosul na década de 1960. A mesma que, na década de 1970, refugou os gaúchos. E a que, agora com acréscimo ideológico. Se faz presente em tudo o que se deseja de bom para a cidade. Esta gente, de costas para o resto do mundo, acha que trapiches, marinas, waterfronts, deques são benefícios burgueses. E se esquece da geração de empregos, do desfrute popular das maravilhas do mar, da valorização ecológica. Um segmento que se isolou na mesmice, que não quer aprender. E que refuga, por exemplo, a prática de golfe. Atividade que transformou o Algarve numa das maiores fontes de renda do turismo em Portugal. Despreza outro dado: os empreendimentos de golfe em Portugal criaram mais empregos e hoje garantem mais receita pública do que a indústria automobilística, segundo dados trazidos ao WTTC
Vamos fazer um teste final: em quanto tempo a ponte sobre o Rio Hercílio voltará a receber trânsito ( em pista simples) de caminhões?
1. ( ) – 6 semanas
2. ( ) – 6 meses
3. ( ) – 6 anos
O Santa pode estipular um premio a quem acertar….meu voto é na opção 3.
Cansei! mas estou com a consciência tranqüila. Acho que fiz a minha parte. Foram e continuarão sendo algumas incursões.
Meus caros Valther, Cezar e Moacir,
Até parece que foi combinado, não é? os três falando – no mesmo dia – sobre a nossa fragilidade política e, porque não dizer, social.
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