Já escreví artigo e emití a minha opinião várias vezes, mas este artigo publicado no Jornal de Santa Catarina em 11 de junho de 2011 pela professora Maria Terezinha Heimann é a melhor matéria que já lí a respeito.
Por isso tomo a liberdade de reproduzir abaixo o texto integral, parabenizando a autora pela clareza e simplicidade:
JSC – 11/06/2011 | N° 12277
ARTIGO
Arquitetura em Blumenau
Li nos últimos dias, no Santa, manifestações a respeito do projeto arquitetônico da ampliação do Arquivo Histórico de Blumenau, colocando que o mesmo deveria seguir a linha de algumas construções típicas da cidade e deixando claro que assim estaríamos preservando a arquitetura alemã. Quero parabenizá-los pela preocupação com a preservação do enxaimel da cidade, porém, quero acreditar que se fala do enxaimel autêntico, aquele ainda preservado em nossa arquitetura antiga, e não nos falsos enxaimeis que nada acrescentam à história da colonização alemã.
A carta de Atenas, de 1933, apresentada no Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, ao se referir à vida de uma cidade, fala da arquitetura como um acontecimento contínuo, que se manifesta ao longo dos séculos e surge de obras materiais, traçados ou construções que lhes garantem personalidade própria e que pouco a pouco serão respeitadas como valor histórico. Preocupava a destruição dos verdadeiros valores arquitetônicos, pois, com o crescimento, passou-se a usar estilos do passado sob pretexto estético.
Tais métodos são contrários à grande lição da história. As obras-primas do passado mostram que cada geração teve sua maneira de viver e pensar, suas convicções sociais, políticas e estéticas, recorrendo a elas como um trampolim para sua criação imaginária com os recursos oferecidos na época. Assim, copiar o passado é condenar-se à mentira, ao falso, pois as antigas condições de trabalho não podem ser reconstituídas. A aplicação da técnica moderna a um ideal ultrapassado leva a um simulacro desprovido de qualquer vida. E nos faz desacreditar do autêntico, o qual devemos nos empenhar em preservar.
Por isso, reafirmamos a importância de suas colocações e destacamos que o projeto de ampliação do Arquivo Histórico de Blumenau foi bastante discutido pela equipe de arquitetos e pela Associação do Amigos do Arquivo Histórico, e, com certeza, será um marco na preservação adequada da memória cultural da região.
MARIA TERESINHA HEIMANN|Presidente do Instituto de Artes Integradas de Blumenau
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